domingo, 25 de janeiro de 2009

REPORTAGEM X CORPOSECTARISMO


Os acontecimentos atuais nos levam a entender a relação entre as palavras Sectarismo e Corporativismo. O termo sectarismo (usado geralmente com conotação pejorativa) pode ser definido como visão estreita, intolerante ou intransigente. Já espírito sectário significa tomar um partido sem tolerar as outras tendências, caracterizando-se pela convicção doentia de propriedade da verdade, da razão e da justiça. Resumindo, a meu ver, espírito sectário é a expressão mais pura do conservadorismo fanático. Já o termo Corporativismo é a ação em que prevalece a defesa dos interesses ou privilégios de um setor organizado da sociedade, em detrimento do interesse público.

As duas palavras servem para muitas representações da nossa sociedade, mas talvez não se encaixe em nenhuma outra com tanta perfeição como junto à classe médica de nosso País, especialmente quando se trata de defender o interesse da organização da classe. Quando isso ocorre, todos acabam se tornando sectários. Sim, além de corporativistas, se tornam sectários. Quer um exemplo? Então trago dois que estão em destaque e passam despercebidos pelos críticos que analisam o comportamento humano e social dos brasileiros.

O primeiro exemplo está materializado no caso da modelo capixaba que morreu após ter amputados seus pés e mãos, necrosados por consequência da imperícia de médicos incompetentes e negligentes que sequer cogitaram a possibilidade da jovem estar sofrendo de uma infecção. Até é possível que um médico se engane, mas o que me deixou estupefato foi ver uma reportagem que mesmo diante da cruel realidade, teve seu desfecho com um "especialista" dizendo que as pessoas não devem se automedicar e que o cuidado deve ser do paciente. Convenhamos, o repórter não se deu conta que deveria questionar a razão do erro médico. Ou não foi erro médico a não verificação de que havia uma infecção?

Tão grave situação é a que vem se verificando nos navios que passeiam com milhares de pessoas no litoral brasileiro. Drogas ilícitas, bebidas em excesso, atendimento médico precário, descaso e, pasmem, imperícia médica ao não conseguir diagnosticar uma meningite. No final da reportagem o susto: A empresa proprietária do navio ratificou a confiança de que o médico procedeu da forma correta, indiferente ao que se pode ter como mais provável, que é de sua incompetência para fazer um diagnóstico de algo que deveria ser fácil para um profissional de medicina.

Ah, só para finalizar, uma das fases mais difíceis da minha vida ocorreu quando meu filho mais velho teve meningite. Ainda bem que eu, que não entendo de medicina, desconfiei vendo que o médico somente se preocupava em aumentar a intensidade dos analgésicos e teimava afirmando que eu estava errado em minha suspeita. Chamei um outro profissional e nos 45 minutos do segundo tempo meu filho foi salvo. Não levei o assunto adiante, pois fiquei feliz com sua recuperação, além de temer um dia precisar daquele idiota atendendo minha família.

Hoje, passado o susto, entendo o repórter que talvez pelo medo de um dia precisar daquele "profissional", preferiu aceitar que tudo terminasse em sua reportagem, como diz o brasileiro, "por isso mesmo". Enquanto isso ficamos nas mãos dessas peneiras humanas que tentam tapar o sol da verdade movidos pelo corporativismo. Eles tentam, mas a luz da verdade sempre acaba aparecendo. Mesmo assim, não nego que posso estar errado nas afirmativas que faço. Estou aberto às opiniões contrárias e como antisectarista e anticorporativista, aproveito-as da melhor forma possível.

sábado, 24 de janeiro de 2009

LONGA ESTRADA DA VIDA? OU AS CURVAS DA ESTRADA DE SANTOS?


A composição do consagrado músico caipira José Rico é uma demonstração clara de que nem sempre a arte imita a realidade. Ocorre que no Brasil em dias atuais, estrada longa não combina com vida. Também não se pode utilizar a frase da composição onde diz "vou correndo e não posso parar" com segurança, já que velocidade e acidente sempre estão muito próximos. Os músicos fazem menção de algo que era encarado como natural no tempo em que 120 km/h era velocidade máxima. O próprio Rei Roberto Carlos andou pela sinuosa estrada de Santos até assustadores 100 km/h e fez questão de fazê-lo com uma melodia lenta e suave.
É obvio que as músicas "Estrada da Vida" e "As Curvas da Estrada de Santos" fazem parte de um passado remoto, da época em que se podia romantizar uma viagem pelo Brasil. Hoje viajar é correr risco de morte. Particularmente, não entendo a razão das estradas brasileiras serem tão sinuosas, tão mal planejadas, tão estreitas, tão esburacadas. Não compreendo o motivo de estradas que recebem muito peso e uma quantidade absurda de veículos todos os dias não racharem e sequer apresentarem ondulações, ao mesmo tempo que outras em locais mais afastados das grandes multidões se desmancharem a cada garoa.
Mas acho que encontrei uma explicação: Quando José Rico compôs Estrada da Vida, ao referir "Vou correndo e não posso parar", estava se colocando na situação de um político, que se elege por ser "ligeiro" e não pode mais parar de roubar.(Aliás, alguns dependem de estradas perecíveis para se manterem na vitrine e continuarem a abocanhar o dinheiro do povo). Já Erasmo e Roberto, quando compuseram As Curvas da Estrada de Santos, referiam-se aos tortuosos caminhos trilhados pelas empreiteiras e ou concessionárias que ainda continuam negociando licitações, ao mesmo tempo em que abonam seus fiéis defensores.
Aliás, acho meio estranho que a Governadora do Rio Grande do Sul tenha melhorado tanto de humor desde o dia em que parou de questionar a prorrogação dos contratos das praças de pedágio, ou mesmo a existência e os valores cobrados pelos pedágios nas estradas gaúchas.
Dia desses vi em um grande jornal da capital uma foto dela dançando com o Secretário Cesar Busato e fiquei pensando: Será que o ritmo musical era de Estrada da Vida, ou seria As Curvas da Estrada de Santos?